3.7.07

Taxi driver

Vou agora elucidar-vos desse animal mitológico que bem representa a essência de ser português,ou seja, o taxista.

Pois bem, o taxista é em regra geral, alguém de sabedoria extrema, anda sempre informado dos últimos acontecimentos que marcam a actualidade regional, nacional e internacional, onde se incluem as ultimas transferências do Carcavelinhos FC, a variação do preço da cerveja dos supermercados das redondezas e até os últimos gritos de moda no que toca a vestir camisas aos quadrados compradas na feira de Custoías.
Taxista que se preze é o grande domador de um Mercedes bege importado com nunca menos de 700mil quilómetros de historial e com capacidade para “chegar ao milhão e meio sem grandes problemas”. A estrada é o seu habitat natural e quem se mete com um taxista em questões de trânsito pode ser sempre acariciado com uma ou duas palavras de sabedoria como por exemplo: “filho da ****” ou “ca**ão de merda” ou ainda um não menos notável “vai pó cara***”, a língua portuguesa em todo o seu esplendor usada ao serviço dos muitos clientes de tarifa de táxi. Outros usos há para a aplicação do seu vocabulário, nomeadamente no famoso arremesso de “piropo á taxista” para a menina que atravessa a passadeira. Taxista que se preze, já teve para cima de 10 acidentes só no último semestre mas onde a culpa é sempre do azelha que conduzia o eléctrico que até passou no verde e não deu prioridade ao táxi que se apresentava pela esquerda. Maldito código da estrada! O verdadeiro taxista dá uso ainda a dois grandes ícones de afirmação lusitana: o bigode farfalhudo e a unha do mindinho bem crescida, com utilidades que já foram exploradas em artigos anteriores deste blog.
No tablier do seu veículo, o taxista gosta sempre de exibir (para causar boa impressão no cliente) um terço, uma mini foto da mulher, filhos e cão e o ambipur aroma a baunilha fazendo dali uma verdadeira cascata de S. João.

Um Portugal sem taxistas é sem duvida um Portugal mais triste, com um trânsito mais fluido e portanto sem grandes períodos de excitação como os que se vive quando se cruza com um taxista em serviço. Um Portugal sem taxistas seria um Portugal onde perderíamos a oportunidade de ver colado á traseira de um Mercedes o autocolante que diz “Cristo era taxista”.

27.6.07

Tipo quê reloaded: LOL

Pois bem meus amigos, ao fim de mais de um ano sem escrever neste espaço de critica social que tem como único propósito por a descoberto o que é este país em que vivemos na sua essência mais profunda, regresso em força para prestar a justa homenagem aos homens e mulheres que fazem aquilo que somos: portugueses, uns bichos estranhos.

Um ano depois da minha denuncia do “tipo” constatei com a mais pura das admirações uma mudança de hábitos naquilo que é o vocabulário usado pela nossa juventude, os dirigentes do amanha! Talvez fruto da preguiça física e cultural gerada pela globalização, o típico jovem português, estudante, idade entre os 14 e os 18 anos, opta por exprimir a sua alegria ou jubilo mais vulgarmente conhecido como riso, por uma coisa que nem palavra é: LOL.
Quem nunca ouviu um LOL que atire a primeira pedra. O LOL, é sobretudo fruto da preguiça, a energia despendida na expressão facial de um sorriso é enorme e provoca uma necessária reposição de forças, assim o LOL resolve essa situação. Outra vantagem do LOL é a sua versatilidade fonética e escrita, onde um ‘hahaha’ ou um ‘hehehe’ poderá ser substituído por LOL. O orgulho de quem solta um LOL a meio da conversa é evidente, demonstra o conhecimento das técnicas gramaticais mais recentes e existe mesmo um movimento para oficializar o LOL como forma de expressão reconhecidamente portuguesa. Pensa-se mesmo que já na corte do rei D. Sancho II, durante uma sessão de autógrafos da rainha (estrela pop do mundo de então) um dedicado fã soltou, perante a emoção do pergaminho assinado, uma ‘LOLADA’, assistia-se á criação de um monstro literário-fonético. A expressão foi mantida em segredo durante séculos e considerada uma blasfémia, mas graças ao espirito aventureiro da nossa juventude assistiu-se á recuperação de um habito secular e sua natural adaptação ao português moderno trocando o macarrónico ‘LOLADA’ pelo contemporâneo ‘LOL’.
O LOL quando dito com a intensidade certa faz toda a diferença numa conversa qualquer que ela seja. O LOL deveria ser institucionalizado e usado ao mais alto nível, um país cujos dirigentes políticos usem o LOL como forma de expressão é sem dúvida um país mais prospero e culturalmente evoluído.

19.3.06

o sr procurador geral da républica

meus amigos, é com grande alegria que volto a escrever pa este dignissimo blog, ou nao fosse ele da minha autoria. a justificação para tao longo interregno é o efeito de estufa!

meus amigos , toda a gente sabe que o efeito de estufa é provocado por emissoes exageradas de carbono 2 (CO2), ora, toda a gente diz "ah e tal, as fábricas e os automóveis é que sao os responsaveis" e eu pergunto: "E AS PESSOAS QUE NÃO SE CALAM???". Sim, é verdade, a simples respiração do ser humano produz CO2, entao agora imaginem aqueles portugueses que não se calam! Desde os comunas que pedem a desgraça dos patroes até aos fascistas que adoram enxuvalhar as minorias, em qualquer dos casos sempre que alguem diz uma palavra perde-se um pouco do nosso ambiente.
E agora perguntem-me, "mas oh materazzi, o que é que isso tem a ver com o sr procurador?", ao que eu respondo, "tou me cagando po segredo de justiça!"

PS: qualquer incoerencia neste discurso é fruto da deficiente de oxigenação cerebral que a rapaziada citadina sofre desde que portugal se tornou uma républica em 1910 e consequentemente uma potencia industrial e onde toda a gente decidiu de um momento po outro exprimir opinoes por tudo e por nada.

VIVA EL REI DE PORTUGAL

2.9.05

Cultura de Tasco

Meus amigos, depois de umas férias bem passadas nada como voltar a postar sobre os habitos culturais acerca desse bicho estranho que é o português...
De certeza que toda a gente conhece um tasco ou pelo menos já passou á porta de um, mas já alguem tentou perceber todo o ambiente e mistica que gira á volta de um tasco? O ambiente de um tasco é algo de mágico, diria mesmo que os tascos são as novas catedrais do séc XXI, espaço de alegre convivio entre companheiros de tasco, local de discussões previligiadas sobre política nacional e futebol internacional, centro nevrálgico do renascer diário da cultura lusitana. Quem já visitou um verdadeiro tasco já reparou concerteza na sua peculiar higiene, onde as moscas co-habitam com as pernas de presunto fumado e com as fatias de queijo curado e na higiene pessoal de quem nos atende ao balcão, uma verdadeira referencia, alvo de visita turistica e estudo ciêntifico. Num tasco são possiveis várias actividades culturais e recreativas, entre elas o concurso do arroto, o concurso do levantamento do copo ou ainda concursos de beleza com prémios para o bigode mais farfalhudo ou a unha mais comprida.
Nas paredes de um tasco portugues ecoam os sentimentos de glória lusitana, valores patrioticos e culturais falam mais alto do que em qualquer outro lado.
E quem ainda não pensou estar no lugar daquele homem que ás 3 da tarde, sob um sol quente, se encosta á porta de um tasco, perna alçada a beber a sua SuperBock gelada e a olhar para as meninas que passam, qual arauto detentor da honra e glória de Portugal? Não será este o verdadeiro legado da cultura tuga? Não será nesta situação que um homem chegará ao seu ponto mais alto como filho de Portugal?
Por isso: JOVEM! Se ainda bebes leite ao pequeno almoço em vez de uma SuperBock, lembra-te: ainda tens um longo caminho a percorrer para seres um verdadeiro português!

Longa Vida aos Tasqueiros deste Portugal!

10.7.05

Unha

Ora, hoje vou vos falar acerca de outra marca da grande cultura portuguesa: a unha do dedo mindinho... Reza a lenda que num certo dia de Verão, um português de nome Alfredo (Fredo para os amigos e afins), á falta de corta-unhas ou tesoura por perto, deixou, numa obra do acaso, crescer a sua unha do dedo mindinho mais do que todas as outras. Logo aí, nesse momento, aprecebeu-se da sua grande descoberta: a "unha-canivete-suiço". Fredo (nome fictício como convem) arranjou para a sua gloriosa unha mais de mil e uma funções. Desde logo sentiu uma maior facilidade em chegar aos sitios mais reconditos das suas cavidades nasais. Isso deu a Fredo uma maior reputação no seu ciclo de amigos, ja que com a ajuda da sua preciosa unha, conseguia fazer bolas de muco nasal (tambem conhecidas como macacos ou lapas) substancialmente maiores do que os seus companheiros de tasca, um verdadeiro heroi. Fredo usou tambem o sua fiel amiga para de uma forma mais perfeita ainda, cuidar da sua aparencia e higiene pessoal, passou a tirar a cera acumulada na entrada do ouvido com a sua unha, um gesto repetido várias vezes ao dia que garante saúde e bem estar fisico e espiritual. Tambem após cada refeição a unha do mindinho de Fredo desempenha um papel fundamental, desta vez usada como palito para tirar lascas de carne entranhadas nos dentes, támbem aqui se vê a veia ecologista de Fredo que prefere sacrificar a sua unha a abater uma arvore em troca de um palito de madeira. Não é de estranhar portanto, que ao final do dia, quando Fredo visita a sua tasca favorita, após mais uma jornada de trabalho, vê-lo a beber a sua Super-Bock com o dedo mindinho orgulhosamente estendido para o céu fazendo um angulo perfeito de 90º com a garrafa na horizontal. Não pensem que a unha apontada po céu é uma questão de estilo, é apenas o grito mudo do orgulho de ser português de unha grande, em resumo, este gesto de puro instinto está para a sociedade portuguesa como a tocha da Estatua da Liberdade está para o mundo. Por tudo isto, Fredo, estejas onde estiveres, estarás sempre nos corações de milhares e milhares de disciplos teus.. Descanso eterno á alma de Fredo, o Visionário.

23.6.05

Tipo quê?

Um dos traços da nossa mocidade portuguesa actual, tambem conhecida como geração Pokémon, putos que devem ter por esta altura 14/15 anos, são as frases feitas e expressões que usam a toda a hora. A previsibilidade desta geração é maracada pelo uso de expressões como "ah e tal não" ou entao "a sério..." ou ainda mais irritante "tipo...".
A expressão "tipo" que é usada pelo menos uma vez a cada duas palavras ditas nos casos mais graves, é de origem desconhecida e não se conhece também o que significa ao certo. Ela é usada insistentemente por esta geração e tem como função substituir o "hhhuuuummmmm..." de quem está a pensar na próxima frase que vai dizer. Por isso é frequente passarmos numa escola de 3º ciclo e vermos as "pitas" (femenino de puto, nada de fazer confusões) de 14 anos do social, vestidas de cor de rosa e com umas argolas de arame nas orelhas que chegam até aos ombros a manterem uma conversa cujo conteudo é ocupado por cerca de 80% pela palvra "tipo". Estudos recentes efectuados em especímes que sofrem da doença "tipo" no seu ultimo grau, revelam que o uso do "tipo" é directamente porporcional ao estatuto social do individuo e ao tamanho dos brincos usados, ou seja, uma rapariga que diga "tipo" a cada 10 palavras deverá ter um rendimento familiar mensal entre os 2000 e os 5000 € e umas argolas com um diametro de 5 cm, num caso mais extremo em que a palavra "tipo" surja a cada 3 palavras, então o individuo em causa terá um rendimento familiar mensal superior a 10000€ e no caso das raparigas, deverá ter umas argolas de arame que batem nos ombros.
O mais preocupante da invasão do "tipo" é a possibilidade de se manter para lá da puberdade e acompanhar o individuo que o diz durante a sua vida adulta. Assim corremos o risco de daqui a 30 anos termos esta geração a governar o país e eu já estou a imaginar num debate tipo na assembleia da republica tipo para discutir tipo o orçamento de estado tipo do ano 2035 tipo uma deputada tipo do CDS-PP tipo discursar e dizer tipo: "tipo, este orçamento sr. tipo primeiro ministro, tipo é inaceitavel, tipo na sua forma, tipo e conteudo".
Pais de Portugal, levem os vossos filhos a um psicologo e a um terapeuta da fala imediatamente se não querem ver o vosso país mudar de nome para "Tipo-Portugal", o vosso hino ser "Heróis tipo-do-mar, tipo nobre povo, tipo valente e imortal..." e viverem em cidades "Tipo-Porto" ou "Tipo-Santa-Marta-Tipo-de-Penagião".

11.6.05

Dinastia do Bigode

1000 anos de desenvolvimento social, económico e cultural (???) culminaram no maior simbolo do patriotismo português: o bigode. Bigode - s. m., parte da barba que se deixou crescer sobre o lábio superior. Como instrumento de utilidade diária, o bigode tem duas funções principais: no inverno dá calor e no verão dá sombra, alem das aplicações sazonais do belo do bigode português, este apendice é também um sinal exterior de virilidade do puro macho lusitano e quanto maior a bigodaça mais víril é o animal que o transporta (nesta porporcionalidade directa assistimos á apetência natural inata ao português para as matemáticas). Não se sabe quem foi o primeiro autor desta herança cultural mas sabe-se que se perde nos tempos o uso da bela farfalha a tapar o lábio superior, julga-se que já no tempo de D. Afonso Henriques, sua mãe D. Teresa, era pussuidora do belo do buço labial á moda galega. Mil anos antes, um outro português, Jesus Cristo (pobre, fugido do estado, sem abrigo, teenager inconsciente e viciado em vinho tinto, há duvida que era tuga?) tambem usava a sua bela bigodaça acompanhada da sua barba estilo hippie decáda de 60, iniciou a verdadeira revolução religiosa. E isto sim, é uma novidade que ainda ninguem reparou, o bigode está sempre presente nos grandes momentos da humanidade. Mais importante ainda, o bigode mais que um fenomeno cultural é o fenómeno mais democrático que há memória, senão vejamos, para além do português do povo, o verdadeiro impulsionador desta cultura, temos outros adeptos lusos famosos do bigode, entre eles: Vasco da Gama, Artur Jorge (esse traidor que trocou o farfalho pelo imperialismo da gilete), a selecção de futebol das décadas de 70 e 80, os capitães de Abril e o não menos famoso D. Duarte Pio.
Mas com a chegada da globalização assiste-se actualmente ao declinio do bigode, de tal modo que Portugal já chegou ao ponto de ter que importar bigode do estrangeiro (p.e. Filipe Scolari) para manter a taxa nacional de uso de bigode.

Português sim, mas com bigode.